A brincadeira da noite era mímica.
Dois grupos dividiam o terraço.
De um lado, um indivíduo fazia malabarismos com as mãos, cortava palavras, apontava para objetos reais, roubava discretamente murmurando o nome do filme pelo canto da boca.
E seu grupo, em meio a uma confusão de chutes totalmente desconexos, nada.
Do outro lado, no outro grupo, presenciava-se algo estranho. Apenas Ramiro e Amaralina participavam de verdade da brincadeira.
O fato é que ninguém conseguia se fazer entender.
Mas quando Amaralina ensaiava esboçar a primeira intenção, Ramiro dizia: "- Stardust".
E não era que ele tinha acertado? E o nome do filme era em inglês!!! No primeiro gesto!!! Como assim???
Então Ramiro pegou um novo papelzinho, leu o nome de seu filme e pôs-se a interpretar.
Passaram-se 10 segundos, o grupo nada. Alguém ainda arriscou: "- Peixe grande, aquele do mar... Uma sereia em minha vida! ". Péééémmmm... Não!
E Amaralina: "- O mágico de Oz".
Ponto!
Mas Ramiro havia apenas olhado em seus olhos. Como ela poderia saber?
E foi assim sucessivamente, até altas horas da madrugada. Até os grupos desistirem de não fazer nada.
Os dois continuaram ali, fazendo mímica. Interpretando filmes. Lendo pensamentos. Até o dia clarear. Até o sol amanhecer.
Então os dois foram embora. Afinal, já era manhã, hora de dormir.
Mas os pensamentos continuaram a brincar.
Um filme por vez. Uma vez ramiro. Outra Amaralina. Vez Ramiro. Vez Amaralina. Ramiro. Amaralina. E Não se cansavam.
E os pensamentos começaram a viver as histórias dos filmes. E perceberam que, estranhamente, adivinhavam-se.
Foi quando se deram conta de que não precisavam mais de Ramiro e Amaralina.
Nesse dia os pensamentos deram as mãos e foram embora para as américas fazer história em Hollywood. Deixando para trás dois cérebros totalmente desprovidos de inteligência.
E Ramiro e Amaralina permaneceram frente a frente, encarando um ao outro, sem saber o que fazer para se fazer entender.
11/09/2009
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