Era uma flor
que nascia num pé
fincado num vaso
no canto de uma sala.
Tinha tudo pra morrer
faltava água, luz, ar, terra
faltava a natureza
faltava voltar para o seu lar.
Mas lá estava ela, viva.
Talvez porque soubesse que esse dia chegaria.
Não sabia quando, nem onde.
Nem nutria expectativas sobre como seria.
Afinal, nutrição à essa altura, não era o seu forte.
Até tentou engolir uns mosquitos, só pra provar, mas os cuspiu, não eram adaptáveis ao seu metabolismo.
Mais do que tudo, ela sabia que a natureza não lhe deixaria.
Uma noite, cansada, depois de muito trabalhar na fotossíntese, um bichinho verde voador bem esquisito pousou na beira do seu vaso.
-"Boa noite!", disse ele.
Ela olhou, estranhando. Quase o desconhecendo. Há tempos que não via seus colegas da natureza.
Ficou quieta.
Ele disse: -"Me escuta, vai. Eu tenho uma coisa muito importante pra te falar. E não é todo dia que a gente tem a oportunidade de se encontrar assim. Olha pra cá."
Ela deu três passos. Um pra trás e mais dois pra frente. O máximo que o pé lhe permitia. E então disse:
-"Tô ouvindo. Fala."
E o bichinho engraçado disse: -"Você vai voltar para o jardim. Não posso te dizer quando, mas vai. E não tá longe disso. "
E ela disse: -"Mas e o meu trabalho? Eu tô super ocupada por aqui. Tenho muito oxigênio pra produzir. E o dióxido de carbono, você sabe, né? tá cada vez mais escasso. Eu até tô dando conta, mesmo com tantas dificuldades, tô crescendo. E juntando um pouco da energia luminosa que eu transformo pro dia de amanhã.
Eu gosto dessa escuridão, sabe? ela é minha amiga. Me acolheu durante a noite, quando eu precisava descansar. E eu enfeitei a sua sala, que tava uma tristeza.
O trabalho eu amo fazer, mas esse não é o lugar que eu quero trabalhar não.
Eu quero mesmo é voltar pro jardim! Lá tem outras flores, tem pássaros, água, grama... E quem sabe eu não encontro o Cravo por lá."
O inseto sorriu, levantou as asas, empinou sua bundinha e saudou a Rosa com um simpático: -"Até breve!"
Foi quando ouviram uma buzinha pela janela.
Era o caminhão da mudança.
Os rapazes foram levando os móveis pouco a pouco. Mas a flor estava tranquila, pois sabia que podia até demorar um pouquinho, mas quando chegasse a sua vez, estaria pronta.
A Rosa, rindo à toa, em meio a tantos acontecimentos, disse:
-"Espera aí!!! Qual o seu nome? Você não me disse..."
-"Opa! Quase me esqueci. Muito prazer, Esperança."
http://www.youtube.com/watch?v=Mht0Bzm_Cgs&feature=related
25/09/2009
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