08/02/2010

Partes de mim

Existe uma parte de mim que sou eu e outra que teima em dizer quem eu sou.

Num lado reside a paz, no outro a guerra.

A paz diz pra guerra se perdoar, que não tem erro não, que na vida pra tudo tem solução.

A guerra escuta calada e entende sem mágoas.

A mágoa, magoadíssima, bota a culpa no orgulho.

O orgulho, por sua vez, se sente ferido e dá um tiro pro ar.

O ar tira o corpo fora e diz que está de passagem.

O lado esquerdo teima em mandar no direito.

Diz que quem sabe das coisas é o coração.

E o coração, diz que o peito tem sempre razão.

O peito, congestionado, diz que quem bate, sempre perde a razão.

Sorrateiro, o medo se aproveita da discussão

E espalha o boato que lá fora tem bicho-papão.

O cérebro, de coque e salto, argumenta a sua visão.

A visão diz que o lado de fora bate tão forte quanto o coração.

Um lado é mãe, o outro irmão.

Moram no mesmo prédio.

De um lado Estela, do outro Euclides.

São vizinhos há mais de vinte anos.

Nunca se encontraram, mas vivem reclamando um do outro pro síndico.

Seu Deusimar... sabe das coisas.

Diz que vai convocar uma reunião.

Tá todo mundo convidado.

Estela, Euclides, Coração....

Euclides diz que é contra a paralização.

Que não se pode parar assim o coração.

Estela diz que o tempo é o senhor da razão.

Seu Deusimar sentiu o drama.

Teve dor de cabeça ao levantar da cama.

Mas não desiste nunca.

De manhã, foi até janela e mandou o mundo inteiro dar uma volta.

E ai de quem disser que não.

Um comentário:

Anônimo disse...

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